A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) realizou, ns quarta-feira (3), o último Café com Autoridade do ano. O encontro recebeu o Secretário Extraordinário para Transformação do Estado, Francisco Gaetani, para um debate sobre os desafios permanentes da modernização do Estado brasileiro, a importância da eficiência administrativa e o papel do diálogo público-privado na formulação de políticas.
Ao abrir o evento, o presidente da Abrig, Jean Castro, destacou o momento sensível vivido pelo país e a necessidade de amadurecimento institucional. Segundo ele, reformas estruturantes, como a modernização do Estado, exigem “serenidade e maturidade”, especialmente em períodos de instabilidade. Castro ressaltou que figuras como Gaetani “são guardiões de um comportamento fundamental para fortalecer a democracia, que depende de um Estado organizado e de uma sociedade consciente da importância de seus serviços”.
Ele também lembrou o avanço recente do debate sobre a regulamentação do lobby no Congresso: “Chegamos a um texto de consenso, submetemos ao senador responsável, e agora aguardamos a análise. Ficou acordado que a pauta retorna em fevereiro.”
Durante o debate, Gaetani trouxe reflexões sobre a necessidade de superar preconceitos históricos em torno do relacionamento entre governo e iniciativa privada. Para ele, a abertura ao diálogo qualificado é essencial para melhorar políticas públicas.
“Eu faço parte do grupo de pessoas que não tem problema em conversar com o setor privado. Toda a filosofia do lobby é no sentido de melhorar a qualidade das informações para políticas melhores”, destacou.
O secretário defendeu que o país avance na institucionalização dessa relação e reconheça seu valor democrático: “Acho que quanto mais cedo a gente superar esses preconceitos, melhor. Precisamos criar espaço para que a discussão avance.”
Gaetani também chamou atenção para a falta de direcionamento estratégico do Estado brasileiro: “O país não tem clareza de onde está e para onde está indo. Há uma dissonância cognitiva instalada. Democracia é contraditória por natureza, e nós começamos a perder o pé dessa realidade”, afirmou.
Para ele, a transformação do Estado não é um evento pontual, mas uma agenda contínua. “A discussão da reforma do Estado é uma condição crônica, um processo permanente. Precisamos lidar com isso para que não seja caro para o país.”
Ele lembrou ainda que o ministério responsável pela agenda já foi criado e extinto diversas vezes, o que evidencia o caráter “espinhoso” e politicamente sensível do tema.
“Envolve patrimônio público, envolve tecnologia. É uma agenda que pode ser expandida ou diminuída conforme a conjuntura”, disse.
O encontro marcou a última edição do Café com Autoridade em 2025, consolidando o espaço como um dos principais fóruns de reflexão da Abrig sobre temas estruturantes da gestão pública e suas interfaces com o setor privado. Ao longo do ano, a iniciativa promoveu diálogos com autoridades, especialistas e lideranças para fortalecer o entendimento sobre o papel da atividade de Relações Institucionais e Governamentais na qualificação do processo democrático.
