Conferência internacional reúne cerca de 200 pessoas para tratar da atuação feminina na atividade de RIG

Reunir diversas representantes de empresas e instituições para debater sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na atividade de relações institucionais e governamentais (RIG) e propor mudanças reais foram as metas alcançadas na 1ª Conferência Internacional de Mulheres em RIG. O evento foi realizado no dia 8 de agosto, no auditório do Interlegis, no Senado Federal, e contou com a audiência de cerca de 200 pessoas, de forma presencial ou virtual.


Além do panorama geral das profissionais em RIG, os participantes abordaram temas como as pautas relativas ao cuidado impostas às mulheres no ambiente político, os diversos tipos de assédio em espaços predominantemente masculinos, os obstáculos enfrentados por mulheres pretas e os pilares de ESG (Ambiental, Social e Governança).


Juliana Cellupi, CEO da Radar Governamental, destacou que o machismo estrutural impõe às mulheres uma série de dificuldades. A empresária, cofundadora da Associação Mulheres em Relgov, lembrou que ainda há surpresa com o fato de mulheres ocuparem os lugares de lideranças nas empresas. Raiane Paulo, coordenadora de Relacionamento da Oficina Consultoria, abordou o trabalho do coletivo Pretas e Pretos em RelGov para capacitar e ampliar a participação de mulheres pretas também em cargos de chefia, tendo em vista as barreiras enfrentadas por elas não só pelo gênero, mas também pela raça. Cibele Perilo, cofundadora do coletivo Dicas Mulheres em RIG e gerente de Assuntos Públicos da Nestlé, falou sobre a sub-representação feminina no lobby e destacou que os espaços de realização da atividade ainda são definidos por regras ligadas ao universo masculino. Já Francine Moor, coordenadora do Comitê Abrig Mulher e empresária pela Logos Estratégia, destacou os resultados de sua pesquisa acadêmica, que aponta o gênero como fator determinante na escolha de candidatos para vagas no mercado de trabalho. “Nós temos, hoje, a compreensão de que tempo de experiência, de formação e disponibilidade não são suficientes para nos levar para as posições de liderança. O gênero importa. E importa muito!”, ressaltou.


No segundo painel, foram discutidos caminhos possíveis para a construção de uma mudança na área, com a ampliação da presença feminina e na ocupação das posições de liderança por mulheres. Representando a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, Lia Noleto disse que ao olhar para a área de políticas públicas é preciso entender não só a atuação da mulher na área de RIG, mas também no Legislativo e no Executivo. Já Giuliana Franco, gerente de relações governamentais na Raízen destacou que a pauta de gênero precisa ser destacada dentro das políticas de ESG das empresas e organizações e afirmou que “mais mulheres em espaços de poder e decisão tornam os ambientes, como um todo, mais seguros”.


Para trazer a perspectiva internacional da atividade de lobby e da atuação feminina na área, Carolina Costa, head of Latin America Government Affairs da RELX em Washington D.C., comentou sobre suas experiências no mercado. Segundo ela, ainda que os EUA estejam à frente do Brasil nas regulamentações, as barreiras de gênero são semelhantes em ambos os países. “Muitas das políticas de mudanças estruturais têm que acontecer de cima para baixo, para que a mudança aconteça, realmente, de maneira sustentável e a longo prazo”, disse.


O consultor da área de RIG e palestrante no Brasil e nos EUA, Renard Aron, confirmou que, por meio da sua experiência, o “privilégio do homem branco” é uma realidade no meio corporativo e que o ambiente de decisão é muito mais desafiador para as mulheres, principalmente no que tange ao debate de políticas públicas e ao espaço público. Segundo ele, reunir-se em coletivos e formar aliados no mercado é fundamental para efetuar mudanças estruturais.


Uma carta com os apontamentos da conferência será elaborada e apresentada conjuntamente pelos coletivos participantes para autoridades e lideranças da área.


A Conferência foi uma realização da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), por meio do seu Comitê Mulher, e do Dicas Mulheres em RIG, com o apoio dos coletivos Pretas e Pretos em RelGov e Mulheres em RelGov, além das Procuradorias da Mulher da Câmara e do Senado. O evento também contou com o patrocínio das marcas CNDL, Flag Public Affairs, Vector, Radar Governamental, Consillium, ÉTICA Inteligêcia Política e Logos Estratégia Consultoria.


O vídeo completo do evento pode ser acessado no canal do Interlegis, no YouTube.



** Os artigos/entrevistas publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.