O Diálogo Abrig é o primeiro evento da associação em 2025.
A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) promoveu, nesta terça-feira (4), o primeiro debate sobre a abertura do ano Legislativo. Para Márcio Coimbra, CEO da Casa Política, presidente-executivo do Instituto Monitor da Democracia e conselheiro da Abrig, há diferenças entre as duas gestões - comparando o deputado Arthur Lira e o presidente eleito, o deputado Hugo Motta.
“Nós tínhamos um político com características muito diferentes no deputado Arthur Lira do que temos no deputado Hugo Motta. O deputado Hugo Motta, pelo seu histórico dentro da Câmara, tende muito mais à conciliação e menos ao embate. Então me parece que teremos uma Câmara mais harmônica, com mais liberdade, com grupos mais ouvidos e mais tranquilidade na tramitação das pautas”, declarou Coimbra.
No último sábado (1º), os parlamentares foram às urnas para escolherem os novos comandos das Casas. O deputado federal Hugo Motta foi eleito com 444 votos, com o apoio de 17 partidos. Apenas Avante, PSol e Novo não declararam apoio ao candidato do Republicanos. No Senado Federal a vitória também foi expressiva, o escolhido para ocupar a cadeira principal é o senador Davi Alcolumbre, eleito com 73 votos. Esta é a segunda vez em que Alcolumbre é eleito presidente. Na primeira eleição, em 2019, ele teve 42 votos.
De acordo com a análise de Coimbra, é justamente pelo senador Davi Alcolumbre já ter sido eleito em outros anos, que nesta legislatura não deve haver grandes mudanças. O CEO da Casa Política relembrou que o ex-presidente Rodrigo Pacheco foi eleito por indicação de Alcolumbre - que retorna à mesa - ou seja, “significa que a gente está falando do mesmo grupo político”. Segundo ele, o Senado passou por uma renovação com a eleição do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, em 2018, e chama a atenção para as próximas eleições gerais, onde pode ter outra mudança.
Para Bernardo Livramento, cientista político, sócio da Fatto Inteligência Política e diretor da Abrig, o perfil de Hugo Motta foi o que o levou a ganhar a presidência da Câmara, já que o deputado fez um trabalho de bastidor e de conciliação. O especialista comparou com as eleições de Lira concorrendo com Baleia Rossi, em 2021, época no qual os blocos “racharam” para a definição do líder da Casa.
“Esse processo [sem confronto] se estende à presidência dele, faz parte de algo que pouco se fala (...) o presidente Arthur Lira não era uma grande unanimidade no final. Tem muitos presidentes de comissões que perderam o protagonismo que tinham nesses colegiados, e esse protagonismo que a comissão dá não é isolado, é um protagonismo colado à sociedade civil, às ONGs, ao setor privado”, disse Livramento.
Comissões para os profissionais de RIG
Ainda durante o debate, o cientista político Bernardo Livramento falou sobre a importância dos funcionamentos das comissões na Câmara dos Deputados. “A gente que trabalha com RIG sabe que a comissão é uma grande arena de debate, importante para quem tenta levar seu interesse até os representantes do legislativo”, explicou.
Livramento ainda destacou que as comissões são necessárias até na questão de “deputados especializados” que trabalham especificamente nos temas, diferente do plenário. “Os deputados que estão numa comissão estudam mais sobre aquele assunto, diferente do plenário, onde muitas vezes - por uma questão até operacional - você acaba seguindo o seu líder, mas na comissão é diferente porque você tem tempo para conseguir fazer com que o parlamentar entenda o impacto”, afirmou.
Para a advogada, sócia-proprietária da FPArbex Consultoria e mediadora do debate, Fernanda Arbex Cecílio, é um “fato” que as comissões da Câmara estão esvaziadas. “Pelo menos quarta-feira de manhã na Câmara a gente nem andava no corredor das comissões e isso não acontece mais (...) mas o que eu noto também - e falo isso num tom provocativo - é uma certa falta de interesse dos próprios parlamentares em estarem nas comissões”, afirmou.
Você pode conferir todo o debate por meio do canal do YouTube da Abrig, é só clicar aqui!
Conferência Internacional de Mulheres em RIG
A 2ª Conferência Internacional de Mulheres em Relações Institucionais e Governamentais (RIG) será realizada no dia 18 de fevereiro de 2025, das 13h às 18h, no Auditório Interlegis do Senado Federal. Promovida pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), o evento é gratuito e aberto ao público. Nesta edição, o tema central será “Novos mercados em RIG: oportunidades no cenário regulamentado sob a perspectiva feminina”.
A programação inclui painéis temáticos, como a análise dos resultados desde a última edição, tendências dos novos mercados em RIG e reflexões sobre as habilidades necessárias para alcançar cargos de liderança. Um dos marcos do evento será o lançamento do Guia Prático de Prevenção e Combate ao Assédio Moral e Sexual na Atividade de RIG, produzido pela Abrig.
A conferência conta com o apoio da Procuradoria da Mulher do Senado Federal e de coletivos dedicados à equidade no setor, como o Dicas Mulheres em RIG, Pretas e Pretos em Relgov e a Associação Mulheres em Relgov. Embora o foco seja a experiência feminina, a organização encoraja a participação de homens para contribuir com um debate inclusivo e enriquecedor.